segunda-feira, abril 16, 2012

Filmes do ECOTT do caso clinico anterior

Filmes do ECOTT do caso-clínico anterior:

3 comentários:

  1. Volumoso derrame em torno da área cardíaca, com pequenas imagens lineares transversais, sugerindo fibrina no seu interior.
    Não vejo espessamento pericárdico.
    Com o movimento, nota-se colapso da parede livre do VD, que para diagnóstico de tamponamento é um sinal menos sensível e mais específico. Não observei do AD, que é mais sensível e um pouco menos específico que do VD.
    Como era a veia cava e o Doppler diastólico das valvas mitral e tricúspide?

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  2. A paciente apresentava:
    - Pletora de veia cava inferior sem colapsibilidade inspiratória
    - Variação respiratória do fluxo mitral acentuada, com redução > 25% na velocidade da onda E
    - Variação respiratória do fluxo tricúspide, com aumento inspiratório > 40% na velocidade da onda E
    Achados sugestivos de comprometimento hemodinâmico importante do derrame pericárdico. Apresentava ainda alterações compatíveis com padrão constrictivo:
    - Velocidade da onda E maior que 8 cm/s ao doppler tecidual
    - Velocidade de propagação do fluxo de enchimento ventricular esquerdo ao MFC > 45cm/s.
    A paciente foi submetida a pleuroscopia e toracostomia com drenagem pleural fechada. Foi identificado derrame pleural organizado e septado. Pericárdio espessado com pequena quantidade de líquido serohemático. Biópsia de congelação com processo inflamatório e infiltrado fibrino-linfocitário. Retirado "bolsa" de líquido sobre a face anteriores do pericárdio. Paciente evolui estável, em uso de antibioticoterapia (Targocid e Meropenem), aguarda bióspia de linfonodos mediastinais.

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  3. Revisando o tema:
    Achados ecocardiográficos sugestivos de TAMPONAMENTO CARDÍACO:

    - COLAPSO SISTÓLICO DO AD
    Com o aumento da pressão intrapericárdica excedendo a pressão sistólica final do AD, ocorre inversão ou colapso da parede livre do AD. Quanto maior for a duração da inversão do AD em relação ao ciclo cardíaco, maior a probabilidade de tamponamento. Inversões acima de 1/3 da sístole têm uma sensibilidade de 94% e uma especificidade de 100%.

    - COLAPSO DIASTÓLICO DO VD
    Ocorre quando a pressão intrapericárdica excede a pressão diastólica do VD. A presença de hipertrofia de VD, doenças infiltrativas do miocárdio ou hipertensão pulmonar podem mascarar este sinal por causarem um gradiente de pressão entre a parede e a cavidade do VD. Este sinal é menos sensível (60 a 90%), porém mais específico (85 a 100%) que o colapso sistólico breve do AD.

    - ALTERAÇÕES RECÍPROCAS NOS VOLUMES VENTRICULARES
    Como o volume pericárdico total é fixo no tamponamento, à medida que a pressão intratorácica se torna mais negativa com a inspiração , o maior enchimento do VD limita o enchimento diastólico do VE. Esse padrão se reverte durante a expiração. Com a inspiração ocorre aumento do volume do VD (deslocamento do septo em direção ao VE na diástole e em direção ao VD na sístole), sendo este padrão de movimentação correspondente ao achado físico de pulso paradoxal.

    - VARIAÇÃO RESPIRATÓRIA NO ENCHIMENTO DIASTÓLICO
    Os registros de Doppler do enchimento diastólico do VD e VE mostram padrão semelhante ao dos volumes ventriculares. Na inspiração, a velocidade de enchimento diastólico do VD aumenta, enquanto do VE diminui. A redução inspiratória maior que 25% na velocidade da onda E mitral ou um aumento inspiratório maior que 40% na velocidade da onda E tricúspide sugerem comprometimento hemodinâmico. Outro achado é o aumento da integral de velocidade (VTI) do fluxo pulmonar com a inspiração, enquanto do fluxo aórtico diminui. No entanto, no tamponamento quando se observa o “swinging heart”, esta variação respiratória não é confiável, pois a amostra do Doppler estará fixa e o coração muito móvel.

    - PLETORA DA VEIA CAVA INFERIOR
    Ocorre com o aumento da pressão no AD, com veia cava inferior dilatada e com menos de 50% de colapsibilidade inspiratória. É considerado um indicador sensível (97%) porém inespecífico (40%) da fisiologia de tamponamento.

    - ALTERAÇÃO FLUXO VENOSO SUPRA-HEPÁTICO
    Achado altamente específico, com componente sistólico do fluxo acentuado na inspiração, com redução ou até desaparecimento do componente diastólico na expiração, acompanhada de onda A diastólica retrógrada em canhão durante a expiração. A velocidade de fluxo na veia hepática estará sempre reduzida com a expiração, ao menos que o paciente esteja em ventilação mecânica.

    Diante de tais achados ecocardiográficos, é importante lembrar que o ecocardiograma pode ser útil, porém o diagnóstico de tamponamento é essencialmente clínico e hemodinâmico. O achado mais importante diante de paciente com suspeita de tamponamento é a presença ou ausência de derrame pericárdico. A ausência de derrame exclui o diagnóstico, por outro lado, sua presença em moderado a grande volume, diante de caso clínico convincente, confirma o diagnóstico, não necessitando de análise adicional com Doppler que pode retardar a intervenção apropriada. Em casos intermediários, quando a suspeita clínica é vaga, os achados no eco 2D de colapso de câmara e pletora de veia cava inferior e os achados do Doppler mostrando variação respiratória importante no enchimento de VD e VE podem ser úteis em conjunto com os dados clínicos. Tais achados podem ocorrer antes do surgimento do pulso paradoxal, e portanto, ser importantes indicadores de comprometimento hemodinâmico antes da manifestação clínica clássica de tamponamento cardíaco.

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