segunda-feira, maio 16, 2011

Derrame Pericárdico e Hipertensão Pulmonar

Exame solicitado pelo Setor de Emergência, em paciente de 63 anos, com queixa de dor torácica ventilatório dependente. Tomografia de tórax havia sido negativa para TEP. Exame demonstrou derrame pericárdico de grande magnitude, circundando todo o coração, sem sinais de repercussão hemodinâmica. Porém além disso, havia hipertensão pulmonar (PSAP = 55 mmHg). Vejam foto com retificação sistólica do septo, dilatação e hipocinesia leves do VD.



O que poderia causar ao mesmo tempo derrame pericárdico e hipertensão pulmonar? Coloquem suas hipóteses. Isso foi um achado ou tem relação com o sintoma da paciente? Em breve colocaremos a evolução.






4 comentários:

  1. Pessoal,
    Não vi hipertrofia ventricular esquerda, comum nos hipertensos renais crônicos, e que frequentemente cursam com derrame preicárdico.
    Já tendo afastado TEP, a causa da hipertensão arterial pulmonar com derrame pericárdico, em mulheres, também pode ser doenças inflamatórias crônicas sistêmicas (esclerose sistêmica, LES, AR)
    Precisamos de mais dados clínicos.

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  2. Não se pode determinar pela ecocardiografia a etiologia do derrame pericárdico, se infecciosa, inflamatória ou de natureza maligna. Neste último caso a imagem simula a organização de fibrina. O achado de derrame pericárdico e hipertensão pulmonar simultaneamente leva a pensar em algumas hipóteses diagnósticas:
    Ao ecocardiograma, os principais achados no tromboembolismo pulmonar são
    dilatação/hipertrofia de VD e hipocinesia; movimentação paradoxal do septo; aumento de átrio direito; insuficiência tricúspide/hipertensão pulmonar; pode ocorrer derrame pericárdico; perda do colapso inspiratório da veia cava inferior. Porém foi realizado nesta paciente a TC de tórax, quando foi afastado esta possibilidade. Outra hipótese seria colagenose - LES, AR ou esclerose sistêmica. Nesta última doença a hipertensão pulmonar ocorre em 10 a 40% dos casos, geralmente é associada a cor pulmonale e pneumofibrose. O envolvimento cardíaco pode ser primário ou secundário ao acometimento de outros órgãos, e, quando acontece, significa mau prognóstico. Outra possibilidade é a paciente ser portadora de hipertensão pulmonar primária e por outro motivo cursar com derrame pericárdico.
    A investigação clínica neste caso é importante para elucidação diagnóstica.

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  3. Evolução do caso clínico:
    Internada na UTI cardíaca, foi submetida a drenagem de pericárdio com saída de 800 ml de líquido serossanguinolento, com relato de pericárdio aderido e espessado, com material posteriormente encaminhado para análise anatomo-patológica e bioquímica. No segundo dia cursou com FA, revertida. Passou a apresentar tosse produtiva, leucocitose, sem desvio ou febre. Iniciado Tazocin. Mantida em isolamento respiratório por suspeita de BK, por infiltrado difuso em raio X de tórax.
    Realizou novo Eco TT de controle no 1º DPO de drenagem , que mostrava derrame pericárdico pequeno, contratilidade preservada sem alteração segmentar, dilatação moderada de câmaras direitas, PSAP: 47 mmHg. Recebeu alta da UPC após 4 dias.
    Passou a fazer uso de anti-depressivo, com suspeita de transtorno bipolar do humor. Cursou com alteração do ritmo intestinal, com fezes diarréicas, sugerindo processo infeccioso (parasitário, BK?) ou doença inflamatória intestinal.
    Realizado provas inflamatórias, com PCR e VHS aumentadas, porém LDH, FAN, Fator reumatóide, VDRL, reação de Mantoux, baciloscopias, culturas (hemo, líquido pericárdico, escarro) negativas. Perfil tireoidiano mostrava hipotireoidismo sub-clínico.
    EDA: gastrite enantematosa moderada de antro; Colonoscopia: úlceras em cólon descendente e transverso e doença diverticular do cólon.
    TC de abdome: derrame pleural bilateral, moderado à direita e mínimo à esquerda; cardiomegalia, com aumento da veia cava e das veias hepáticas sugerindo ICC; pequena quantidade de líquido livre na cavidade peritoneal; aorta tortuosa com dilatação fusiforme do segmento infra-renal; não-opacificação de toda a veia ilíaca esquerda, compatível com trombose; destacam-se exuberantes estruturas vasculares com aspecto varicoso na região pélvica, numerosas e ectasiadas, algumas com calcificações parietais que deslocam a bexiga e o útero.
    Doppler venoso de MMII: sem sinais de TVP.
    A paciente solicitou alta hospitalar no 18º dia de internamento.

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  4. Paciente com quadro de tendinite em membros supriores, entrou em surto de aritmias multiplas, sem febre. Tratada na emergencia, foi liberada para retornar a sua residencia. Volta a emergencia 1 dia depois com febre, manchas vermelhas pelo corpo.Tomografia do torax, identificou pequeno derrame no pericardio e pulmão.
    Alteração no exame de sangue, sugerindo pancreatite, tomografia não identificou volumes alterados nem no pancreas e não para o fígado.
    Internada para novos exames, ecocardiograma confirmou o quadro de derrame no pericardio, nada de calculo de visicula.
    A pergunta é : Pode um quadro de doença reumatologica estar causando essas alterações?
    Depois de todos exames feitos para descartar visicula é o caso uma endoscopia em centro cirurgico com anestesia geral em paciente com esse quadro cardiáco?
    Sou o marido da paciente e estou preocupado com os rumos que o médico esta tomando!!!

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